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14.12.08

coletivo | RIOSEMDISCURSO

Para quem ainda não sabe, sou uma das organizadoras da FL@P! RJ e do coletivo | RIOSEMDISCURSO, que, entre outras coisas, organiza o evento. Então hoje é dia de apresentar o coletivo:

riosemdiscurso – o título do poema de João Cabral de Melo Neto traduz com precisão a filosofia do coletivo: garantir a pluralidade de vozes.

Promover o diálogo entre leitores e escritores contemporâneos foi o ponto de partida para a reunião do grupo em 2006, resultando na idealização do evento carioca que o grupo organiza, a FL@P! - Festa Literária Aberta ao Público. O coletivo | riosemdiscurso é Diana de Hollanda, Leandro Jardim, Priscila Andrade, Ramon Mello e Vinicius Baião.

Diana de Hollanda – Diana de Hollanda é escritora e diretora teatral, formada pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Autora das peças, “, encher-se, esvaziar-se, encher-se,” (2007) e “Sísifo” (2008) e do livro “dois que não o amor” (Ed. 7 Letras - 2007), participou como convidada de diversos festivais literários, tais como FLAP-SP, Tordesilhas (SP), Congresso Brasileiro de Poesia (RS), e Psiu Poético (MG), tendo sido homenageada, ao lado de Leila Mícollis e Alice Ruiz, neste último. Seu trabalho pode ainda ser conferido nas coletâneas “Contos do Rio” (Ed. Bom Texto/Prosa & Verso – 2005), “Contos sobre Tela” (Ed. Pinakotheke – 2005), e em revistas impressas e virtuais, como Poesia Sempre (Ed. Biblioteca Nacional), Inimigo Rumor (Cosac & Naify), Blocos e Bestiário. Hoje trabalha como freelancer na área de editoração, enquanto escreve o segundo livro, ainda sem título e gênero definidos. Para visitá-la, acesse: www.aindahamusica.wordpress.com

Leandro Jardim: poeta, letrista, compositor e comunicador graduado nas habilitações de Publicidade e Jornalismo pela PUC-Rio, com MBA em Engenharia de Produção pela Trilha/Instituto Nacional de Tecnologia. Leandro Jardim é um dos coordenadores da Flap! desde o ano passado. Acaba de lançar pela editora 7Letras seu primeiro livro oficial, Todas as vozes cantam. Em 2006, criou a coleção independente Poesia Presente de “mini-poemas-cartões-de-presente” por onde lançou seus minilivros Gotas e Pétalas e editou, no ano posterior, o Lusco-fusca da autora Nathalie Lourenço. Colaborador em diversos blogs Leandro Jardim centraliza sua criação no www.florespragasesementes.blogspot.com que apresenta links para seus diversos trabalhos.

Priscila Andrade: escritora e produtora de eventos Priscila Andrade é graduada em marketing pelo Centro Universitário da Cidade. Principais eventos: Fórum Social Mundial – Rio com Vida, 20087/2008: produtora; Flap! edições cariocas de 2006/07/08: coordenação, produção e mediação de algumas mesas; Festival Segundas Poéticas, 2005: criação e coordenação.

Manteve por seis meses uma coluna de poesia no site Armazém Literário, tem poemas publicados em vários jornais, revistas e sites reconhecidos de literatura, com o Cronópios (www.cronopios.com.br) e se apresenta regularmente em diversos eventos na cidade, como o Festival Nacional de Poesia, o Poesia Voa, no Circo Voador. Mantém desde 2003 o Dedo de Moça. Foi redatora da revista Mad (2006) e está com um livro de poesia no prelo, Encefalocardia.

Ramon Mello - Jornalista, escritor e ator. Formado em Comunicação Social (Jornalismo) pela UniverCidade (Ipanema/RJ) e em Artes Cênicas pela Escola Estadual de Teatro Martins Pena. Possui experiência em jornalismo cultural através da editoria de sites e blogs, pesquisa para TV, redação de conteúdos, produção e em escritório de assessoria de imprensa. É repórter do Portal Literal e mantém o Blog Sorriso do Gato de Alice (desde 2004) e BLOG CLICK(IN)VERSOS (desde 2006) – especializado em entrevistas com jovens escritores. Autor do livro Tumorgrafias (Editora Cartaz/2006). Atualmente, finaliza o romance All Star bom é All Star sujo e o livro de poesias Vinis Mofados.

Vinicius Baião - Ator, poeta e produtor cultural. Formado em Letras (Português/Italiano/Respectivas Literaturas) pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e Artes Cênicas pelo Studio Escola de Atores. Pós-graduado em Especialização em produção cultural com ênfase em literatura infanto-juvenil pela CEFET-Química. Integra os grupos Coletivo Subverso e Embaixada poética. Publicou o livro Usucapião, editora Multifoco, e participa das antologias Ponte de Versos, Editora Ibis Libris, e Coletivo Vacamarela. É fundador e membro da Trupe do Experimento e diretor da Cenáculo Cia. Teatral. É professor de Língua Portuguesa das redes pública e particular de ensino.

Rios Sem Discurso, de João Cabral de Melo Neto
A Gabino Alejandro Carriedo

Quando um rio corta, corta-se de vez
o discurso-rio de água que se fazia;
cortado, a água se quebra em pedaços,
em poços de água, em água paralítica.
Em situação de poço a água equivale
a uma palavra em situação dicionária:
isolada, estanque no poço dela mesma,
e porque assim estanque, estancada;
e mais: porque assim estancada, muda,
e muda porque com nenhuma comunica,
porque cortou-se a sintaxe desse rio,
o fio de água por que ele escorria.

O curso de um rio, seu discurso-rio,
chega raramente a se reatar de vez;
um rio precisa de muito fio de água
para refazer o fio antigo que o fez.
Salvo a grandiloqüência de uma cheia
lhe impondo interina outra linguagem,
um rio precisa de muita água em fios
para que todos os poços se enfrasem:
se reatando de um para outro poço,
em frases curtas, então frase e frase,
até a sentença-rio do discurso único
em que se tem voz a seca ele combate.

7.12.08

Poesia e vinho em Laranjeiras. A Estréia? Foi ótima.

Veja a programação completa de dezembro aqui.
Poesia e Vinho em Laranjeiras estreou ontem com Mano Melo na Symposium. E foi ótimo: casa cheia, platéia animada e completamente apaixonada pelo Mano, que trouxe como convidadas as atrizes Cristina Bethencourt e Marta Paret. O poeta Tanussi Cardoso, que estava na platéia, deu uma canja maravilhosa. Intimida pelo Mano, poetei também.

Algumas fotos:


Mano Melo e Marta Paret


O poeta Tanussi Cardoso, presidente do sindicato dos escritores do Rio de Janeiro, dando uma canja.






José Hodara, Cristina Bethencourt, Tanussi Cardoso, Priscila Andrade, Mano Melo e Marta Paret

Fragmentos da FL@P! 2008 - INTERFERÊNCIAS

Sou uma das organizadoras da FLAP!, evento literário anual que acontece aqui no Rio. A FLAP! aqui é uma produção do coletivo|RIOSEMDISCURSO, do qual participo com Diana de Hollanda, Leandro Jardim, Ramon Mello e Vinícius Baião.

Para quem perdeu a última edição, um mini-micro-resuminho feito da platéia:

29.11.08

Novidades! HOJE: Poesia e Vinho em Laranjeiras: Mano Melo


A partir de dezembro começo a organizar noites de poesia na Symposium Vinhos, em Laranjeiras. A estréia é com Mano Melo, hoje, dia 6.

Ana Carolina adaptou e musicou seu poema Madonna. Sucesso imediato, que foi para no seu mais recente CD e DVD, Dois Quartos. Mas para quem já freqüenta os eventos de poesia da cidade, Mano Melo já é sucesso há muito tempo.

Mano a Mano com Mano Melo é um show de bolso onde Mano Melo intercala poemas, seus e de outros autores, clássicos e contemporâneos, com histórias engraçadas e fatos interessantes vividos durante sua trajetória poética.
A poesia como espetáculo e como diversão através de um universo que engloba ícones reais e imaginários. Sem parafernálias cênicas, o que ressalta é a verdade das palavras e a emoção do poeta e ator em contato direto, olho no olho, com seu público. Estruturado como uma Stand Up Poetry, no gênero das Stand Up Comedies americanas, depois de 3 meses em cartaz o espetáculo chega agora ao Symposium Vinhos para uma apresentação única .

Mano a Mano com Mano Melo
Poeta: Mano Melo
couvert artístico: R$15,00
Consumação mínima: NÃO TEM
Dia 06/12/2008, sábado
Local: Symposium Vinhos, Rua Ipiranga, 65 - Laranjeiras
Telefone: (21) 2205-3122
Coordenação: Priscila Andrade

15.11.08

Antologia Ponte de Versos - 8 anos



Amigos, convido para o lançamento da antologia de oito anos da Ponte de Versos, dia 30 de novembro, às 17h, no Museu da República - Rio de Janeiro.

Faço parte da antologia, assim como outros poetas dos quais gosto muito como Olga Savary e Afonso Henriques Neto.

Espero vocês lá.

2.11.08

Portal Literal

Capitaneado por Heloísa Buarque de Hollanda, o Portal Literal passou por uma reformulação radical e se tornou de fato um interlocutor literário, um site em que bons autores contemporâneos são encontrados e em que você pode expor seu trabalho, trocar uma ideia. Fantástico.

Depois vou falar com mais calma sobre o projeto. Por enquanto sugiro aos leitores vorazes que visitem já. E aos que escrevem, que façam seus perfis, postem seus textos e leiam a gente nova que pinta por lá.

Eu já fiz o meu!

E já estão por lá Alariás (prosa leve, quase infantil), Lava-lamp (prosa de mão mais pesada, como gosto) e os poemas Outono e A Equilibrista.

Sugiro ainda os perfil do Leandro Jardim e do Ramon Mello, meus companheiros de FLAP!

Na busca por textos nos bancos, uma das formas de listar os textos é por votação (listar por ordem cronológica, alfabética ou por popularidade também é possível). Então, quando lerem algo que bata, votem.

Participem: façam seus perfis, postem seus textos, dialoguem.

E avente, que a segunda-feira chegou!

11.10.08

"As histórias têm que ser contadas"


Na FLAP! carioca deste ano todas as mesas, apesar dos temas bem definidos, acabaram mudando seu rumo e partindo para a discussão sobre internet, blogs e "autores virtuais", "literatura de internet".


Apesar da mudança de rumo, achei ótimo isso ter acontecido. Mas o que foi dito... bom, vamos lá. É impressionante ver gente que trabalha com comunicação, gente que está na sala de aula e, principalmente, gente que tem site e blog fazendo um discurso tão equivocado sobre internet e blogs.


"onde elas serão contadas e como varia"


Não vou agora escrever e escrever sobre isso, esmiuçar aqui o assunto. Mas vale dizer: é apenas um veículo. Que nunca se propôs a ser uma plataforma para o lançamento de novos autores ou para um (re)descoberta da literatura. Não cobrem isso dos blogs. É apenas uma ferramenta mais acessível que outras. "Quem tem um blog é escritor?" Pode ser. Pode ser que não. Quem publica um livro é escritor? Nem sempre, nem sempre. Muita calma nessa hora. Hoje a maioria das editoras cobra dos autores. E muitas não selecionam o material, apenas recebem o cheque. Então, para mim, o livro publicado não torna a criatura um escritor. Na internet tem uma infinidade de abobrinhas, diários e textos pavorosos? Tem. Assim como nas livrarias e nas bancas de jornal. Que discussão estéril. O assunto dá mesmo pano pra manga. Mas o fato é que certo está o Marcelino Freire em sua fala da platéia: "idiota tem em qualquer lugar". Daí a culpar o veículo...


"mas o maravilhoso é que elas sejam contadas"


A Fal Azevedo lançou agora, pela Rocco, o Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite. Maravilhoso. E sim, manteve o blog - amém!


Em entrevista para o Amálgama ela diz:


"Eu tenho dois caminhos na escrita. O primeiro se deu antes de eu ter blog, antes de eu sequer saber que os blogs existiam. Eu escrevi meu primeiro livro em 1998, e já nesse tempo eu usava essa linguagem fragmentada, escrevia textos curtos, fazia esses continhos de poucas linhas. Eu caí na internet em 1997, mas não soube dos blogs até, uia, 2002. E daí eu me achei. Era isso que eu nem sabia que queria. E aí meu segundo caminho começou. Eu me adaptei tão bem nesse meio, porque eu já escrevia assim. Eu só fui me ajeitando, ficando mais espertinha, aprendendo os macetes. Tenho o maior orgulho de ser cria da internet, de ser blogueira, de fazer disso um caminho. Nosso meio é a internet, são os blogs. Outras gerações tinham como ninho o folhetim, os saraus, as redações de jornal, as agências publicitárias. As histórias têm que ser contadas, onde elas serão contadas e como varia, mas o maravilhoso é que elas sejam contadas. Nós contamos, também, nos nossos blogs. Eu acho isso o máximo."


Está certa ela.


Aliás, comprem já o livro. É maravilhoso.

26.9.08

Ela amanhece todos os dias,
olhos nublados. Calça os chinelos,
escova os dentes, cai no batente.

O batente da porta que não abre, está torta, curvada, emperrou.
Emperrou todo o trânsito a carreta que virou na curva da rua da escola,
que fica do lado da creche, que fica em frente ao mercado,
que não fica perto do açougue. Que custa os olhos da cara.

Cara feia medo não me dá,
deu-tá-dado, se lambuza
quem nunca comeu melado.

Pára! Pára o ditado,
o lugar comum, o clichê.
Mas ela não quer ser o singular,
o original, o exclusivo.

Ela só quer se adequar.
Ser classe média como todo mundo.

E casar. E comprar uma casa.
E ter dois filhos e um cachorrinho,
um papagaio e um periquito.

E passar no concurso público.
E virar mega loura-Hebe
pra carregar os netos no colo.

Mas por enquanto ela só amanhece, nublada.
Ressaca. Ressaca e Engov não combinam
com louro-Hebe, netos e Anais Anais.

Então ela calça o tamanco,
amarra o top, vai pro boteco.
O Hoje é Rabo de galo,
ovo amarelo e algum desencanto.

28.8.08

Fal Azevedo

(...) Os dias são atravessados, as contas são pagas (mais ou menos), o cão faz seu xixizinho, a janela abre e fecha e ovos são fritos, mas não de verdade. Não de verdade. Não cabe também nenhum clichê, nada do tipo "é um ciclo que se encerra", céus, nós adoramos cliclos, especialmente quando eles se encerram, mas não, não é um ciclo e ah, não se encerra, é vida real, mais real impossível, mais real impossível, cheia de explosões impensadas e de racionalismos, cheia de cores, de notícias espantosas, de medo, de corpos desmembrados, de sonhos que nunca existiram, de gatinhos envenenados, de amigos que vão para o Uruguay, de pores do sol, de conversas idiotas, de cãezinhos que andam de carro com a carinha para fora da janela, de rituais estraçalhados.(...)


Vai lá e lê inteiro. E não é literatura. É realidade pura.

Mas tem literatura também:

11.8.08

FLAP! Rio 2008 - Interferências




Em sua terceira edição carioca, a FLAP! assume o tema INTERFERÊNCIAS.

Em dois dias - 20 e 21 de setembro - a PUC será o palco de 4 debates, 2 saraus e a exibição de dois curtas.
Abaixo segue parte da programação - apenas os nomes que já confirmaram. A medida em que as confirmações forem chegando, vamos avisando.

Mais informações sobre o evento e seus participantes podem ser vistas no blog (http://flaprj.wordpress.com).

Comunidade no Orkut: http://www.orkut.com.br/Community.aspx?cmm=49632280
dia 20 de setembro

14h30 - Geração Espontânea

Geração Mimeógrafo, 00, 80, 90... Uma estratégia de venda ou um retrato, um instantâneo de um momento literário? Quem define, o que difere? Para situar ou para estigmatizar? São válidos esses rótulos?
Mediadora: Heloísa Buarque de Hollanda (editora da Aeroplano e professora da UFRJ)
Flávio Izhaki (poeta)
Viviane Mosé (poeta)

16h20 – Sarau Movimento InVerso - Clauky Saba

16h50 – Empório de palavras
Sebos, livrarias de bairro, virtuais, grandes redes. Produções artesanais vendidas em portas de teatro, e-books disponíveis em sites e blogs. Busdoors propagandeando – e vendendo! - o mais novo título de auto-ajuda. Quem é o leitor de literatura brasileira? Qual o caminho para os novos autores? Poesia não vai para as vitrines porque não vende ou não vende porque não vai para as vitrines?
Mediador: Tanussi Cardoso (poeta e editor de poesia)
André Garcia (site Estante Virtual)
Eucanaã Ferraz (poeta)
Claufe Rodrigues (poeta e jornalista)
Vitor Paes (poeta e editor da Confraria do Vento)


18h40 - Exibição do curta 'PROCURANDO MAUTNER', de Rodrigo Bittencourt
19h – Encerramento


dia 21 de setembro


14h30 - Palavras nos meios. Tecnologia e Miscigenação.
Vídeos, CD'S, blogs, sites colaborativos, compartilhamento na web.
O diálogo da literatura entre mídias é uma evidente característica da produção contemporânea. Mas até que ponto os diferentes suportes interferem diretamente na escrita? De que maneira essa interação se torna positiva ou valoriza o texto que não se sustenta? Como está escrevendo a geração de escritores que utiliza a internet como principal ferramenta de publicação?
Mediador: Ramon Mello (escritor e jornalista)
Rodrigo Bittencourt (poeta, compositor e cineasta)



16h20 – Sarau Castelinho do Flamengo - João Pedro Roriz


16h50 - Vanguarda
Artistas de vanguarda protagonizaram movimentos marcantes como a Semana de Arte Moderna de 22 e a Poesia Concreta, rompendo com alguns padrões e características estéticas de sua época e re-significando outros. Mas, em 2008, o que é possível encontrar de novo? Ainda existe a possibilidade de vanguarda na literatura atual?
Mediador: Leandro Jardim (poeta e letrista)
Dado Amaral (poeta, ator e cineasta)

Paulo Henriques Britto (poeta, contista, tradutor e professor da PUC-Rio)
Paulo Henriques Britto (poeta, tradutor, professor da PUC-Rio)



18h40 – Exibição do curta 'POR ACASO GULLAR', de Rodrigo Bittencourt



19h – Encerramento



Flap!Rio
Coordenação:
Leandro Jardim, Priscila Andrade, Thiago Ponce
Colaboradores: Diana de Hollanda, Clauky Saba, João Pedro Roriz, Ramon Mello, Vinícius Baião
Site Parceiro: Alma de Poeta

22.7.08

FLAP! Rio. Informe-se e receba o boletim

A edição carioca da Flap! de 2008 acontecerá nos dias 20 e 21 de setembro, na PUC.

No blog do evento (http://flaprj.wordpress.com) você encontra informações sobre esta edição e as anteriores, sobre os participantes e sobre as edições de Sampa.

Através desta lista em que pode se inscrever abaixo, você recebe informações pontuais sobre esta edição.

Inscreva-se e seja bem vindo!

Acesse a página http://groups.google.com.br/group/boletim-da-flap/about?hl=pt-BR e inscreva-se no grupo para receber o boletim.

Flap!Rio
Coordenação: Priscila Andrade, Leandro Jardim, Thiago Ponce
Colaboradores: Diana de Hollanda, Clauky Saba, Ramon Mello, Vinícius Baião

15.6.08

Carpinejar

Meus irmãos colecionavam selos, moedas,
borboletas e revistas.
Eu, silêncios.

A brisa se mistura ao cheiro das lembranças.
É como se eu estivesse regressando.

Posso brincar lá fora?

O pampa é meu pátio.
Como dói a porta fechada por dentro.
Não ter para onde ir é uma forma de sempre chegar.


Biografia de uma árvore

29.5.08

O gambá

Morar em Laranjeiras não é só a tortura de não ter ônibus depois das nove da noite ou a vida social inexistente - nem vem que pra mim restaurantes e bares que fecham no máximo meia-noite não constituem vida noturna!

Se você mora nos apartamentos de fundos de ruas sem saída você é um privilegiado que vê, dia sim, dia também, gambás, micos e passarinhos entrando desavisados sala a dentro. Ou cozinha. Eu adoro. Esses dias recebemos a visita de um filhote de gambá na casa de minha mãe. O computador ficou interditado, já que ninguém tinha coragem de chegar perto. O bichinho se instalou do lado da caixa de som. O cachorro ficou louco, ofendidíssimo com aquela invasão.

Do jeito que entrou, saiu: ninguém viu. Não, do jeito que entrou não, porque saiu deixando de presente um belo cocô na janela. Tá, concordo, o cocô foi um abuso. Mas com tanta merda que a gente encara todo dia, um cocôzinho de gambá não faz mal a ninguém.

27.4.08

07 de maio: Adriana Monteiro de Barros

Mais um lançamento que vale ir. Comprar o livro então é questão de bom senso.




TUBO DE ENSAIO

Às vezes me sinto uma estrangeira
como se minha arma não fosse a palavra.
É que trago em mim uma poção mais letal
que qualquer tapa na cara.
Meu sangue é vermelho
de um vermelho perverso e maldito
e meu surto é um susto
acostumada que estou aos sobressaltos do corpo.
Mas não há dor nem arrependimentos
apenas dias em que me observo
como lâmina a cortar o espelho
onde já me admirei
e hoje não me reconheço.
Estou com prazo de validade vencido
como vencida está a minha tolerância
aos preconceitos e à ignorância humanas.
Mas quando me defronto com estas tiranias
sem o peso da vaidade
consigo ultrapassar os limites da carne
e viver além do fim.

de Adriana Monteiro de Barros

26.4.08

21.4.08

há tempos que habito esse não-espaço, que o por vir é a rotina e que o silêncio se tornou estéril.

um preto e branco sem grandes sutilezas, sem o charme do granulado acidental que conta os segredos de cada retícula.

um excesso de realidade banal tão violento que dá às horas um aspecto onírico, levando sem resistência essa mente tola para os descaminhos dos devaneios e dos sonhos ruins. realidade de ponteiros gigantescos e modorrentos, um q u a s e
  p  a   r    a     r

29.3.08

Resposta a Marla

Querida Marla,

Minha casa de dentro transpôs os limites de minha pele, meus poros e me represou; caçadora me tornou presa, refém.

Porque tola, porque fraca, porque amando ainda as dores do amor que não é mais, que nunca foi, que nunca fui.

Porque é fácil, porque louvo o passado, temerosa do porvir.

Mas minha casa de dentro ainda tem cantos a decorar. Janelas a descortinar. Então me entrego entorpecida ao desperdiçar do tempo com essa tarefa estéril.

Quando as cortinas estiverem lavadas e a mesa posta, trago os explosivos, acendo na base da estrutura e saio, nua, rumo ao dia de amanhã.

Momentos Críticos na Futilidade do Salão

Entre o pé e a depilação, abro uma Cláudia (Uma, Marie Claire ou qualquer bosta que o valha).

Já começa mal, porque de cara tem uma carta de Fernanda Young (Oh, God!) para o Ano Novo - a revista é de novembro ou dezembro de 2007.

Aí vejo que tem uma matéria de Kika Seixas(como?) sobre o Mal de Alzheimer e como ele serviu de "acerto de contas" entre ela e sua mãe.

Putz, claro, matéria para vender o livro, aproveitam-se 10 frases no máximo. Mas nessas 10 frases, esqueço o "target" da revista, perfil de anunciantes e o título de escritora de Kika Seixas (ok, amanhã irei numa livraria. E juro, sem deboche, que se encontrar um livro dela e for bom... cara, vou ganhar o fim de semana. e vou ler). Esqueço tudo isso e, pensando em minha avó, me atenho ao trecho em que ela fala sobre o ódio, a raiva, os sentimentos baixos que o Alzheimer provoca em familiares e amigos próximos do doente.

Identificação pura.

Minha avó não tem Alzheimer - ate onde eu sei. Mas aos 95, o processo de degeneração da identidade que a bosta da doença traz, ela já abraçou sem pudores. Em especial fisicamente.

Minha avó era uma mulher alta, mais de 1,75. Hoje é significativamente mais baixa que eu, que tenho 1.61 - e meio.

Era extremamente vaidosa, quase uma fashion victim quando o termo ainda nem existia. Hoje, compra roupas no camelô. Não é falta de dinheiro, não. O senso estético se foi.

Era forte, determinada, uma líder nata, autoritária até. Hoje senta encolhida, chora, sofre, não entende o que acontece ao redor.

Eu? Alguns momentos de angústia. Na maior parte do tempo, assim como a Sra. Seixas, fico é muito puta mesmo. Caralho, dá uma raiva fudida! Não sabe mais quem é como, não diferencia a de b, e leva qualquer filha da puta como anjo, se o cretino tiver um bom discurso.

De mulher poderosa, grande, altiva, se tornou um pinguinho de gente apavorado, que estremece com qualquer palavra em tom mais alto.

Quer saber? Isso dói.

Por mais racionais que sejamos, por mais acesso à ciência, educação, informação... quando o bicho pega no nosso quintal... o que fica é a visão e a percepção da memória afetiva.

Aquela mulher ali não é a minha avó. Minha avó não existe mais.

Aceitar isso é que é a grande foda mal dada da porra da história toda. E a grande "sabedoria", diria O Evoluído.

Mas nesse momento, não sou nada evoluída. Nesse momento estou apenas me entregando ao meu luto antecipado, numa tentativa desesperada de me recompor a tempo de dar a ela um mínimo de amor e carinho que tenho de sobra, que ela merece e que está aqui, represado pelo espanto e pela negação.

24.3.08

A Equilibrista

Pé-antepé, avanço na corda bamba
A corda é o fio de uma navalha
E a vara que deveria me dar equilíbrio
Uma enorme serpente branca.

Não há rede de segurança
Os holofotes me impedem de ver a platéia:
Apenas ouço seu mastigar aflito de pipoca e algodão-doce
Assim como seus corações torcedores

Torcem, em seu íntimo mais profundo
Para que eu caia
Que a serpente me envolva
Quebre meus ossos e me devore
Que o fio da navalha chova meu sangue

Aguardam ansiosamente minha queda no abismo
- não haverá baque no final
Assim como não existe o final da corda
Apenas escuridão e seu balançar

Mas sigo em frente
Firme e compenetrada
Sentindo o gelo do aço sob meus pés.

A serpente me alisa, me provoca e me bolina
Ao mesmo tempo me enforca e me desequilibra,
Enquanto enfia seu corpo escorregadio entre minhas pernas.

Os holofotes operam no auge de sua luminância.
Minhas pupilas já não são visíveis.

Não me pergunto aonde isso vai dar.
Apenas sigo em frente
Firme e compenetrada
Sentindo o gelo do aço sob meus pés.

15.3.08

Poesia, Semana de santa, Falada ou Escrita

Debandada geral dos poetas na Semana de Santa. E uma discussão que corria a boca miúda já faz tempo, se torna, finalmente, um debate de proporções desejáveis.
O poeta deve ser remunerado, deve ter seu trabalho respeitado - e condições de trabalho - e, principalmente, há ou não e por que público para poesia.
Chacal, em seu blog, levanta alguns pontos:

"o rio arde nesse dia do poeta - 14 de março. uma festa que rola em Santa Teresa por ocasião da semana santa gera o maior conflito. contatados alguns dos vários grupos de poesia do rio, apresentaram propostas de trabalho e cachê. a grana, apesar de patrocinadores de peso, segundo a organização, foi encurtada e os projetos receberiam metade do que pediram. a partir do filé de peixe, um a um os coletivos foram se retirando."

"(...) poesia, de uma forma geral, não tem público suficiente para interessar ao mercado. é artesanato e não indústria cultural.
difícil se estabelecer uma tabela como acontece na música, no cinema,
onde associações e sindicatos defendem os direitos dos filiados."

"creio que uma boa causa agora é lutar para a poesia chegar aos alunos de primeiro e segundo grau. a música está entrando novamente no currículo escolar. por que não a poesia contemporânea ? abrir frentes, apresentar projetos de recitais às secretarias de educação. se aliar aos grêmios e a grupos de teatro como o CEP 20.000 fez com o Pedro II e o Colégio Estadual André Maurois."

"sem renovarmos o público de poesia, em breve assinaremos seu atestado de óbito por falta de leitores ou ouvintes."

Leia o texto completo aqui, vale a pena.

Como já disse na troca de e-mails que está comendo solta entre vários poetas e organizadores de eventos de poesia, os dois últimos pontos me falam mais alto: renovação do público e inserção na grade currícular - como está acontecendo com a música. Para mim, dos vários incêndios, esses estão entre os mais devastadores.

Aí vejo surgir entre as várias discussões a velha oposição poesia falada x poesia escrita.

Honestamente, acho que no momento, definitivamente não é uma questão prioritária. Se não tivermos público... que diferença faz?

E realmente prefiro jogar esse papo um pouco mais pra frente.

Mas aqui, fora do debate, no meu espaço públicoparticular, aproveito para dizer que o poeta não tem, obrigatoriamente que ser performático. E que gosto das duas possibilidades. E não acho que um poema bem decorado e apresentado diminua o trabalho de um poeta tímido, que prefere se apresentar apenas nas prateleiras, revistas, sites ou blogs.

Então, vou procurar e colocar aqui já já, um vídeo ótimo, em que Drummond, sem nenhum talento para performances, lê um de seus poemas.

O outro, coloco agora: mostra uma animação ótima de Quadrilha, com narração do poeta. A animação é trabalho de um curso de literatura. Os créditos sobem ao som de Chico, mostrando que poesia não gera só performance. Podemos ir bem além disso. Ou não.



Gosto igualmente das duas. Na verdade, acho essa discussão desestimulante. Mas isso rende outro post, escrito com mais paciência e detalhamento. Boa chuva para todos!

9.3.08

Nossos planos

Aquele café improvisado na beira d'água, aquela manhã linda, linda, lembra? Que não tomamos? E as viagens que não fizemos e os vinhos que não bebemos? E aquela vez que não te fiz um jantar surpresa, lembra? E que você não adorou, você não esperava! E aquela estante que não compramos juntos, que não combinou com a nossa sala e que depois já não cabiam os nossos livros...

E a estante, o jantar, os vinhos, as viagens ficaram pra trás porque eram desimportantes já que os filhos não vieram. Lembra, que lindo, o quartinho que não fizemos? E que não escolhemos juntos cada detalhezinho, cada móbile, cada foto? E o primeiro álbum, lembra? Com as fotos que não fizemos do primeiro banho e da primeira mamada que não aconteceram?

A primeira escritura! Nossa, ainda lembro da roupa que eu estava usando no dia em que não assinamos a primeira escritura do apartamento que não compramos!

Lembra quando não sonhamos, quando não planejamos, quando não realizamos?

Está um dia lindo lá fora. Como o daquele primeiro café improvisado que não tomamos. Verifico se todas as janelas estão fechadas, todas as luzes apagadas. E vou embora, entregando as chaves do apartamento em que não vivemos para o próximo morador.

8.3.08

A porra da vidinha de merda

Joguei a mochila no chão, me esparramei no sofá e apoiei de propósito os pés na mesinha de centro. Por que diabos alguém tem mesinha de centro? Pelo prazer das canelas roxas? Por que é isso, a mesinha de centro é como um quebra-molas no meio da sala. Quebra-canelas. Uma merda. Não sei o que é pior, se a mesinha de centro “assinada” e que por isso ninguém pode chegar perto sem que dona da casa enfarte, ou se a mesinha de centro que serve como suporte para enormes livros de arte que ninguém lê, cuidadosamente escolhidos pelo decorador para que nenhuma visita tenha dúvidas: aquela com certeza é a casa de alguém sofisticado, com cultura. “Com cultura”. Cultura de quê? Vírus?

Apoiei de propósito os pés na mesinha de centro e fiquei esperando ela chegar, eu já não disse pra não por os pés na mesinha de centro, isso não é uma mesinha de centro qualquer, isso é uma Saarinem, ela falou puta. Todo dia eu boto o pé na mesinha de centro e todo dia ela reclama puta por que isso não é uma mesinha de centro, isso é uma Saarinem.

Isso não é uma porra de um museu, eu disse, isso é a minha casa. Todo dia eu respondo a mesma merda. Todo dia a mesma discussão idiota, ela disse, ela não sabia que eu gostava de ter todo dia a mesma discussão idiota porque ela ficava irritada e eu adorava ver ela irritada, era o meu único prazer, então eu me permitia ter esse prazer todo dia.

Isso não é uma porra de um museu, eu sabia que o "porra" era fatal. Ela agüentava que eu me esparramasse no sofá, ela agüentava que eu botasse os pés na maldita saarinem, ela agüentava que eu respondesse com ar de desdém. O que ela não suportava era aquele ‘porra’ no meio da frase, dito preguiçosamente, reforçando o desdém. Porque o ‘porra’ era a confirmação do descontrole dela. Ela não falava porra. Ela berrava porra, ela esguelava porra com a cara vermelha, as veias do pescoço saltadas, olhos esbugalhados, salivando e socando a mesa. O porra, para ela, era a confirmação de que havia perdido a razão e a discussão, aquela partida não era dela, perdeu. Então quando eu falava porra calmo, devagar, olhando o jornal ou limpando uma unha, aquilo era a morte: não era um palavrão, era uma afronta.

15.2.08

Transparência Opaca

Porque eu não trabalho de graça.

Pérolas aos porcos, disse ele. Porque ele entendeu tudo.

A gata, enlouquecida, destrói o apartamento enquanto eu digito, fingindo que não é comigo.

Reminiscências sobre flebites e afins depois de ler a Daniela. Que bom que passou. Até hoje, quando vejo a criatura vibrante e veemente, me emociono. Sim, milagres acontecem e são diários. Apenas não são espetaculares. Não vêm acompanhados de gelo seco e holofotes. Eles simplesmente acontecem e assim os dias são possíveis e a vida segue.

8.2.08

Ação!

Naquela volta frustrada de Salvador, enquanto o avião pensava seriamente em dar um mergulho no mar eu, prestes a morrer (tá, era o que eu acreditava na hora) olhava pela janela e só conseguia pensar uma coisa: “Cara, não acredito que eu vou morrer gorda!” Depois minha irmã confessou que olhava pela janela e pensava: “Cara, não acredito que eu não devorei tudo aquilo no jantar pra não engordar!”

No final de tudo, o que pesa, o que fica, é o que não se fez. E foi assim, pensando que poderia ter morrido gorda (pode chamar de fútil, andei) que decidi me separar. Foi bem mais que uma separação: ali, naquele rompimento, eu renasci – e de quebra perdi quase 20 kg e ganhei um belo namorado. Priscila adverte: maridos pústulas engordam e fazem mal a saúde.

E foi ali também que se consolidou minha crença em que jogos, entrelinhas e subtextos são perda de tempo.

Então, para bem ou para mal, vivo, faço e falo.

Recomendo, viu? Garanto que faz bem.

26.1.08

Fórum Social Mundial - Rio com Vida: chat online, hoje

Pessoas do mundo inteiro estão convidadas a participar do chat online do Rio Com Vida –Fórum Social Mundial, que acontecerá no Rio de Janeiro, Brasil. O evento é neste sábado, 26 de janeiro, no Aterro do Flamengo.

Serão 5 palcos e 8 tendas incluindo artes cênicas e visuais, hip hop, musica e poesia. Outro palco onde pessoas de diferentes tribos serão ouvidas além de outras 4 tendas: antropofágica, trocas, ideias e conexões.

Como vem sendo divulgado o Forum Social Mundial decidiu que no dia 26 de Janeiro, em vez de um evento centralizado, haverá um dia de mobilização global. Esta decisão foi tomada para ajudar na ideia de que uma mobilização mundial deve ser manifestada no mesmo dia do Forum Econômico Mundial que acontece todos os anos em Davos na Suíça.

E você pode participar de qualquer lugar do planeta, basta acessar o link: http://www.riocomvida.org.br/modules.php?name=News&file=article&sid=36


People all over the world are invited to participate in an online chat of the World Social Forum – Rio Com Vida in Rio de Janeiro, Brazil. The event will be held Jan 26th at Aterro do Flamengo.

There will be 5 stages and 8 tents including visual arts, hip hop, poetry and music performances. Other stage where people from different backgrounds will lift their voices and four other tents: Anthropophagic, Trades, Ideas and Connections.

As has been released The World Social Forum has decided that Jan 26th, instead of a WSF centralized event, it will have a global day of mobilization. This decision was taken to help the idea of a global worldwide mobilization to emerge and the choice of date to coincide with the World Economic Forum held every year in January in Davos, Switzerland.

And you all over the world must participate at
http://www.riocomvida.org.br/modules.php?name=News&file=article&sid=36