no politrauma do miguel couto todas aquelas personasgrafitadas e suas algemas fechadas em cadeiras e camas e macas, e aí irmão, dançô também. chão de sangue. segue o rastro, raspão na cabeça. projétil protegido aninhado na cartilagem de um joelho que não vê um dedão - munição arrancou.
sala de ressucitação:lotação esgotada
Raio-x: lotação esgotada
Lotação: incendiada.
no politrauma do miguel couto ninguém entra ninguém sai, fora todo mundo que é visitante, é para sua própria segurança. aí babaca, larga mão da pulseira, fica quieto senão você pode cair, bater com a cabeça e morrer.
aí tia, dá uma água pra mim, na boa, na paz.
tiros, o táxi sai voado, é fechado pelosomi. O puliça da portaria vem carregado. braço estilhaçado, hospital desprotegido. hospital bala perdida. a tia entubada não viu nada.
no politrauma do miguel couto não tem parada. dia animado, clima saudável e ótimas companhias.
Pesquisar este blog
25.3.09
17.3.09
Espingardinha
Lembrando da própria infância, comprou pro aniversariante de cinco anos a espingardinha que nunca teve. Ficou tão entusiasmado que ele mesmo abriu o presente, mostrou todos os detalhes, pôs no ombro e começou a marchar de um lado para o outro. Um, dois, um, dois. O aniversariante, olhinhos de tédio, suspira:
- Boboca.
- Boboca.
16.3.09
Sesta
Nunca mais encontrei miolo no mercado ou na feira. Miolo frito, à milanesa... no Cervantes ainda tem. Onde se compra miolo hoje nessa cidade?
O único miolo que ainda encontro, mais que frito, passado do ponto, é o meu. Não sai nada dessa cabecinha. Devíamos adotar a sesta até que os dias se tornem mais amenos. Não há como pensar assim. Pensar, escrever, comer, andar, amar, odiar, respirar. Impossível. O ar quente entrando pelas narinas, pulmão al dente no vapor.
Que caia a chuva! Enquanto isso, devíamos adotar a sesta. Das 8h da manhã às 6h da tarde. Embaixo do ventilador. No ar condicionado. No chão de lajota do banheiro. No piso de mármore do corredor. Aboli aquecedor e toalhas. Agora só gelo e varanda. Janelas escancaradas. Vamos adotar a sesta. Abram as redes, os tecidos precisam respirar.
O único miolo que ainda encontro, mais que frito, passado do ponto, é o meu. Não sai nada dessa cabecinha. Devíamos adotar a sesta até que os dias se tornem mais amenos. Não há como pensar assim. Pensar, escrever, comer, andar, amar, odiar, respirar. Impossível. O ar quente entrando pelas narinas, pulmão al dente no vapor.
Que caia a chuva! Enquanto isso, devíamos adotar a sesta. Das 8h da manhã às 6h da tarde. Embaixo do ventilador. No ar condicionado. No chão de lajota do banheiro. No piso de mármore do corredor. Aboli aquecedor e toalhas. Agora só gelo e varanda. Janelas escancaradas. Vamos adotar a sesta. Abram as redes, os tecidos precisam respirar.
5.3.09
3.3.09
Assinar:
Postagens (Atom)