Pesquisar este blog

27.4.07

Jasmim Manga

Essa terça, dia 24, os irmãos Tornaghi convidaram a Thereza Christina Motta para, com o pessoal do Ponte de Versos, homenagear Hilda Hilst, que morreu em 2004.

Lá pelas tantas, Chama e Fumo, de Manuel Bandeira, na voz do Eduardo Tornaghi, me deixou ainda mais satisfeita com a noite tranquila, de harmonia mesmo.

Então compartilho aqui o poema, já que a noite e o clima... só se vocês aparecerem por lá na terça que vem. Vale a pena!

CHAMA E FUMO

Amor - chama, e, depois, fumaça...
Medita no que vais fazer:
O fumo vem, a chama passa...

Gozo cruel, ventura escassa,
Dono do meu e do teu ser,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Tanto ele queima! e, por desgraça,
Queimado o que melhor houver,
O fumo vem, a chama passa...

Paixão puríssima ou devassa,
Triste ou feliz, pena ou prazer,
Amor - chama, e, depois, fumaça...

A cada par que a aurora enlaça,
Como é pungente o entardecer!
O fumo vem, a chama passa...

Antes, todo ele é gosto e graça.
Amor, fogueira linda a arder
Amor - chama, e, depois, fumaça...

Porquanto, mal se satisfaça,
(Como te poderei dizer?...)
O fumo vem, a chama passa...

A chama queima... O fumo embaça.
Tão triste que é! Mas... tem de ser...
Amor?... - chama, e, depois, fumaça:
O fumo vem, a chama passa...

Teresópolis, 1911.


O quê:
Poesia

Com quem:
irmãos Tornaghi e convidados

Onde:
Jasmim Manga
Largo dos Guimarães, 143

Quando:
Terça-feira - Sempre!
das 19h30 às 23h30

24.4.07


Margarida na verdade é travesti. Ou seja: ela e Donald não só são o primeiro casal gay das histórias em quadrinhos infantis, como são também os primeiros a conseguir a guarda de três crianças. Viram? Tio Disney não era reacionário como dizem, na realidade era um cara ousado, um agitador dos valores e dos costumes.

Nenhum personagem de Disney tem pai ou mãe. Quando um deles tem, como Bambi, por exemplo, imediatamente fica órfão, de modo cruel e traumático. Daí levantamos as seguintes questões:
- Disney era órfão?
- Não sendo órfão: Disney odiava sua mãe?
- Seria a mãe de Disney uma pedófila que abusava do filho?

Sim, questões essenciais para entendermos os rumos da humanidade.

Cinco horas de sono profundo, sem pesadelos ou interrupções. E daí que foi de 21h as 02h? É uma evolução sim!

22.4.07

Serpente

A língua bipartida sibila, silvos agudos que penetram os ouvidos, a pele, as entranhas, como um alfinete. Fino e profundo. E neste caso em brasa, para estancar qualquer possibilidade, ainda que remota, de sangramento. Apagar qualquer rastro ou vestígio é uma meta.

Ela se aproxima sorrateira, sempre sorrindo angelical, serpenteando e sibilando libidinosamente. Escorregadia, envolve a presa – ele – que excitado e aterrorizado goza a cada segundo, de terror e curiosa incógnita. O que vem a seguir? A mulher quente, úmida e submissa? Ou a serpente venenosa, ardilosa, com suas presas e seus sibilos mortais?

Ambas lhe são igualmente atraente e sedutoras. Gostaria de devorá-la em uma só dentada, ser devorado em menos de um segundo por cada uma dessas criaturas. Criaturas que se fundem em uma única. Fêmea de aspecto agradável, mas nada além disso. Nem feia, nem bonita. Apenas agradável. Sua visão é confortável, no entanto não atrai olhares. Mas quando cruza com eles... almas perdidas.

Hipnótica, psicotrópica. Ímã. Cada desventurado que tem a infelicidade de um cruzar de olhares com a serpente, perde naquele momento sua alma e o controle sobre sua vida. Escravidão demandada. Servidão implorada.

E seu séquito de seguidores cegos e inebriados, cresce a cada dia. Uma gigantesca multidão. Escondidos na rotina do dia-a-dia, dos escritórios, dos bares e das esquinas, dão o sangue para garantir a sobrevida de sua Senhora.
Por que se alimenta de suor, sangue, ansiedade, angústia, inveja, ciúmes e descontroles.

Vil, ignóbil, infame. Eficiente na construção da imagem de inacessibilidade. Que torna seus gestos, hábitos, crenças e ações torpes em objetos de desejo. O desejo em que cada um de seus servos quer mostrar que ele, e apenas ele, é Aquele que alcança e que sim, é capaz de fazê-la mudar. Eficiente, a víbora, em fazer crer em ilusões.