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30.12.15

Parangolizemos 2016!


Vestir textos, palavras, fonemas, sons, cores, tons, formas, texturas grafismos e mover o corpo e mover a alma e criar a ação e ser a obra e o autor. Num só golpe, despindo-se de vírgulas e parágrafos. Protagonize-se.

Para ler ouvindo Tropicália.

27.12.15

(...) e só então retornemos.

Enquanto não entra 2016 e o retorno, deixo aqui alguns escritos antigos que estão entre os meus preferidos:

21.1.06
Mandaram avisar

minha cama
meus seios
meus quadris
e minha língua

todos, todos
mandam avisar:

saudades de você!

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Que bom que você Veio!

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2.2.06
Orquídea

Minha pele se rasga da nuca ao cóccix
Dando liberdade a uma gigantesca lâmina
De cartilagem e penugem.

Meu peito se rasga
E dele sai em vôo tumultuando
Um enxame de vespas
Que zunem, zunem, zunem

Minhas veias ultrapassam o limite
Das pernas e se tornam raízes grossas
E firmes, que me prendem ao solo.

Nesse momento, meu tronco se solta
E alço vôo, com meus braços que já viraram asas.

Do alto observo o bailar das nuvens
E o gorjeio dos automóveis

As penas das asas se soltam
Uma a uma
Transformando-se em pétalas de orquídea
Que caem docemente pelo chão.

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22.2.06
O Novo 

Sístole, assístole
Tum-tum
Tum-tum
Coraçãotaquicardia

Mas isso,
Isso foi ontem...

Hoje, quando te vê
Ele já nem bate

Apenas um leve pulsar delicado,
Doce, tranqüilo e discreto.
Por outro.

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8.2.06
Prato Feito 

Almoço baratas
Janto ratos
Engulo sapos

Quem serve? Eu

Lucy in the sky with diamonds
Mentira, Falácia.
Lucy in the sky with evil pills in her mind

Me alimento do pó
Que os cupins fazem do meu cérebro
Me nutro, me regozijo e celebro


8.11.15

Tsunami de Lama, Drama Invisível
Sobre Mariana, "Conformados"não pode mais fazer parte do nosso dicionário. Indignação, informação e ação, por favor.

12.10.15

Não tenho saudade nenhuma da minha infância. Gosto de ter a idade que tenho hoje e sempre fui assim, sempre senti assim. A melhor idade sempre é a que tenho no momento e fico feliz em ver que estavam erradas as pessoas que diziam "quero ver pensar assim quando chegar aos quarenta". Tenho saudade de ir tomar Banana Split com tia Bibi antes do almoço, transgressão e cumplicidade. De roubar camarão seco na cozinha a cada cinco minutos na véspera dos Carurus e Vatapás, deixando Virgilina fula da vida. Mas fula só pra constar, porque me dava logo um pratinho de sobremesa cheio, rindo e mandando não contar pra minha avó. De participar "como adulta" das conversas de Bebeta, cheias de palavrões que me diziam que o concreto, a realidade, eram os fatos ou as ideias e não a formalidade boboca e propositalmente castradora dos ditos bons modos - Bebeta era dessas pessoas que podiam falar a maior barbaridade, o palavrão mais cabeludo, sem que ninguém pensasse em palavras como vulgaridade, sem que o assunto perdesse o foco. Na boca dela palavrão era vírgula bem usada, era ritmo e cor, era gostoso. Não tenho mesmo saudade da minha infância. Tenho saudade de pessoas. Pessoas que já foram ou que não estão ao alcance dos olhos. E das impressões e sensações que essas pessoas me permitiram experimentar com todos os significados gigantescos que estavam ali em gestos aparentemente pequenos e em palavrões de duas letras que falavam mais que um alfabeto inteiro. Pensando bem, acho que não tenho saudade, tenho é um patrimônio afetivo incomensurável.