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24.10.07

katia, a mulher clichê

Katia, a mulher clichê, não sabe ler nas entrelinhas e interpreta tudo ao pé da letra. Geralmente não sorrio não. São gargalhadas sonoras mesmo. Toda vez que vejo os clichês que escapam pelos vãos dos teclados... (os meus inclusive - e por que não?) Os clichês anônimos, sem lenço, documento, endereço ou e-mail. Mas não é isso mesmo o clichê? O desgastado? O mais um na multidão? Trivial, vulgar, ordinário. E por isso mesmo sem identidade, anônimo. O Clichê, o lugar comum, a leitura literal. Boas risadas você me proporcionou dona Clichê :)

Oi? Quê? Não foi democrático? (gargalhada sonora). E quem disse que seria?

Os devaneios e a vaca

O som que invade o quarto não dissipa o silêncio que pesa na cama. O dia corre sob nuvens negras que desabam enquanto o banheiro inunda.

A gata só me olha. Ela não se importa com o córrego que se forma e toma a direção da sala. Ração seca, areia limpa e água fresca é tudo de que toma ciência. Hoje não seria mau se ela estivesse certa e a bichana de estimação fosse eu, esticada no meio do caminho, barriga pra cima, exigindo autoritária mais e mais chamegos. E uma sardinha. Ou duas.

O cheiro de alfazema domina o quarto. Aqui as verdades usam as lombadas descascadas dos livros para dizer: estamos aqui, não adianta tentar ignorar, fingir que não vê.

Sempre fui dada aos impossíveis da vida. Certas coisas não mudam. Ainda bem.

Um desejo enorme de mostrar à vizinhança ignara toda minha capacidade de baixar, baixar muito o nível. Mas ando esses dias elegante demais. A elegância, essa sim é pecado. Então deixo. Deixo o som invadir o quarto, o dia correr, a água inundar o banheiro.

E sentada elegantemente deixo os berros histéricos que rasgam os sentidos dos meus pensamentos - que são divinamente inaudíveis - dizerem pra velha-vaca-filha-da-puta que mora aqui ao lado que eu desejo de todo o meu coração que ela morra. Que morra lenta e dolorosamente, pra sofrer bastante. Com o cu arrombado na Praça Paris. Mas quem me olha, nem imagina.