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15.3.08

Poesia, Semana de santa, Falada ou Escrita

Debandada geral dos poetas na Semana de Santa. E uma discussão que corria a boca miúda já faz tempo, se torna, finalmente, um debate de proporções desejáveis.
O poeta deve ser remunerado, deve ter seu trabalho respeitado - e condições de trabalho - e, principalmente, há ou não e por que público para poesia.
Chacal, em seu blog, levanta alguns pontos:

"o rio arde nesse dia do poeta - 14 de março. uma festa que rola em Santa Teresa por ocasião da semana santa gera o maior conflito. contatados alguns dos vários grupos de poesia do rio, apresentaram propostas de trabalho e cachê. a grana, apesar de patrocinadores de peso, segundo a organização, foi encurtada e os projetos receberiam metade do que pediram. a partir do filé de peixe, um a um os coletivos foram se retirando."

"(...) poesia, de uma forma geral, não tem público suficiente para interessar ao mercado. é artesanato e não indústria cultural.
difícil se estabelecer uma tabela como acontece na música, no cinema,
onde associações e sindicatos defendem os direitos dos filiados."

"creio que uma boa causa agora é lutar para a poesia chegar aos alunos de primeiro e segundo grau. a música está entrando novamente no currículo escolar. por que não a poesia contemporânea ? abrir frentes, apresentar projetos de recitais às secretarias de educação. se aliar aos grêmios e a grupos de teatro como o CEP 20.000 fez com o Pedro II e o Colégio Estadual André Maurois."

"sem renovarmos o público de poesia, em breve assinaremos seu atestado de óbito por falta de leitores ou ouvintes."

Leia o texto completo aqui, vale a pena.

Como já disse na troca de e-mails que está comendo solta entre vários poetas e organizadores de eventos de poesia, os dois últimos pontos me falam mais alto: renovação do público e inserção na grade currícular - como está acontecendo com a música. Para mim, dos vários incêndios, esses estão entre os mais devastadores.

Aí vejo surgir entre as várias discussões a velha oposição poesia falada x poesia escrita.

Honestamente, acho que no momento, definitivamente não é uma questão prioritária. Se não tivermos público... que diferença faz?

E realmente prefiro jogar esse papo um pouco mais pra frente.

Mas aqui, fora do debate, no meu espaço públicoparticular, aproveito para dizer que o poeta não tem, obrigatoriamente que ser performático. E que gosto das duas possibilidades. E não acho que um poema bem decorado e apresentado diminua o trabalho de um poeta tímido, que prefere se apresentar apenas nas prateleiras, revistas, sites ou blogs.

Então, vou procurar e colocar aqui já já, um vídeo ótimo, em que Drummond, sem nenhum talento para performances, lê um de seus poemas.

O outro, coloco agora: mostra uma animação ótima de Quadrilha, com narração do poeta. A animação é trabalho de um curso de literatura. Os créditos sobem ao som de Chico, mostrando que poesia não gera só performance. Podemos ir bem além disso. Ou não.



Gosto igualmente das duas. Na verdade, acho essa discussão desestimulante. Mas isso rende outro post, escrito com mais paciência e detalhamento. Boa chuva para todos!

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