Querida Marla,
Minha casa de dentro transpôs os limites de minha pele, meus poros e me represou; caçadora me tornou presa, refém.
Porque tola, porque fraca, porque amando ainda as dores do amor que não é mais, que nunca foi, que nunca fui.
Porque é fácil, porque louvo o passado, temerosa do porvir.
Mas minha casa de dentro ainda tem cantos a decorar. Janelas a descortinar. Então me entrego entorpecida ao desperdiçar do tempo com essa tarefa estéril.
Quando as cortinas estiverem lavadas e a mesa posta, trago os explosivos, acendo na base da estrutura e saio, nua, rumo ao dia de amanhã.
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