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11.10.08

"As histórias têm que ser contadas"


Na FLAP! carioca deste ano todas as mesas, apesar dos temas bem definidos, acabaram mudando seu rumo e partindo para a discussão sobre internet, blogs e "autores virtuais", "literatura de internet".


Apesar da mudança de rumo, achei ótimo isso ter acontecido. Mas o que foi dito... bom, vamos lá. É impressionante ver gente que trabalha com comunicação, gente que está na sala de aula e, principalmente, gente que tem site e blog fazendo um discurso tão equivocado sobre internet e blogs.


"onde elas serão contadas e como varia"


Não vou agora escrever e escrever sobre isso, esmiuçar aqui o assunto. Mas vale dizer: é apenas um veículo. Que nunca se propôs a ser uma plataforma para o lançamento de novos autores ou para um (re)descoberta da literatura. Não cobrem isso dos blogs. É apenas uma ferramenta mais acessível que outras. "Quem tem um blog é escritor?" Pode ser. Pode ser que não. Quem publica um livro é escritor? Nem sempre, nem sempre. Muita calma nessa hora. Hoje a maioria das editoras cobra dos autores. E muitas não selecionam o material, apenas recebem o cheque. Então, para mim, o livro publicado não torna a criatura um escritor. Na internet tem uma infinidade de abobrinhas, diários e textos pavorosos? Tem. Assim como nas livrarias e nas bancas de jornal. Que discussão estéril. O assunto dá mesmo pano pra manga. Mas o fato é que certo está o Marcelino Freire em sua fala da platéia: "idiota tem em qualquer lugar". Daí a culpar o veículo...


"mas o maravilhoso é que elas sejam contadas"


A Fal Azevedo lançou agora, pela Rocco, o Minúsculos Assassinatos e Alguns Copos de Leite. Maravilhoso. E sim, manteve o blog - amém!


Em entrevista para o Amálgama ela diz:


"Eu tenho dois caminhos na escrita. O primeiro se deu antes de eu ter blog, antes de eu sequer saber que os blogs existiam. Eu escrevi meu primeiro livro em 1998, e já nesse tempo eu usava essa linguagem fragmentada, escrevia textos curtos, fazia esses continhos de poucas linhas. Eu caí na internet em 1997, mas não soube dos blogs até, uia, 2002. E daí eu me achei. Era isso que eu nem sabia que queria. E aí meu segundo caminho começou. Eu me adaptei tão bem nesse meio, porque eu já escrevia assim. Eu só fui me ajeitando, ficando mais espertinha, aprendendo os macetes. Tenho o maior orgulho de ser cria da internet, de ser blogueira, de fazer disso um caminho. Nosso meio é a internet, são os blogs. Outras gerações tinham como ninho o folhetim, os saraus, as redações de jornal, as agências publicitárias. As histórias têm que ser contadas, onde elas serão contadas e como varia, mas o maravilhoso é que elas sejam contadas. Nós contamos, também, nos nossos blogs. Eu acho isso o máximo."


Está certa ela.


Aliás, comprem já o livro. É maravilhoso.

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