Escrevi um milhão de poemas no tempo-espaço de uma vida
Sobram seis versos.
Afiei um milhão de facas nas pedras que se me interpuseram
Sobra a estrada.
Matei milhares de animais para matar minha fome
Sobra um ser de nada
Soletrei tantos alfabetos que nem mais me comunico
Sobra a palavra amor.
Expulso do tempo, ando com um estrépito de asas no crânio
Não sei qual delas é par da alma, nem quando
Erguer-se-á, pela janela dos olhos, no vento que não enxergo.
CATTONI, Bruno. Osso (na cabeceira das avalanches). Rio de Janeiro: 7Letras, 2005
Ele me deu esse livro. Sensacional! Meu poema favorito é "Com os ossos", incrivelmente cerebral.
ResponderExcluirVera Maria Sarres
"Aquele homem escrevia com os ossos
ResponderExcluirNão que fosse magro, enfermo, o traço
Vinha das falanges, não das digitais
Podia ser qualquer esqueleto bestial
Mas tinha a sua marca, personalidade
O fósforo se espalhava no papel
E o texto se iluminava e irradiava
As letras eram besuntadas de cálcio
Força de uma delicadeza abismal"
Disse o Eduardo Tornaghi uma vez, não sei se da própria cabeça ou se parafraseando alguém, que Bruno tinha os neurônios em chamas ou algo parecido. Queria tanto lembrar... porque achei perfeita a definição.
Lembrei! Neurônios desencapados!
ExcluirA morte é a vida dividida
ResponderExcluirOla.
ResponderExcluirEstou chegando a seu blog
e vou conferir tudinho.
Lindo e interessante espaço.
Já seguindo,
aguardo no Espelhando.
Bjins
CatiahoAlc.