Deveria servir para revalidar o diploma de compaixão dos
médicos
que, na justiça dos homens, são heróis da ciência e da
dedicação ao ofício,
mas que, na justiça dos Céus, tão materialistas mantém-se na
razão direta da essência difusa de seu sacerdócio e também da imperfeição
mundana que demonstram no trato da alma humana.
Deveria servir como suplemento de esperança mesmo depois que
nos damos conta de que tudo acaba em esperança. Para que alguém que assiste um
paciente lutando pare de claudicar em sua jornada de vanglória e de se flagelar
emocionalmente no raso egoísmo, indiferente, como sempre, às profundas demandas
de amor da humanidade.
Deveria servir para implementar a mística do verdadeiro
sacerdote do amor solidário, que foi falindo, paulatinamente, na razão inversa
da evolução da ciência, até que merecesse hoje o sinônimo de facultativo.
Deveria servir para implantar na terra dos homens a
igualdade e nos corações que ainda restam a fraternidade exemplar que é a razão
de ser, de estar e de permanecer de toda cura.
Deveria servir para nos conhecermos melhor através da dor...
...mas que só tem servido, para extinguir (com doses
elevadas de fármacos) - mais que o corpo, mais que as famílias e mais que os
laços de afeto - o não menos sagrado tempo e a natureza divina de que somos
feitos, acendendo paradoxal e tardiamente a centelha universal em "nós
outros", nos quais só vemos o "nós mesmos", renegados e
negadores da vida em cada iniciativa diária de superar o próximo que ainda nem
amamos e por quem não teremos tempo de sofrer.
"Podem vir as dores - tão contraditórias - que nós
apagamos o ser para ele não ver que, lindamente, amadurece!" – diz o
médico
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