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1.12.07

Não sei o que foi mais inacreditável: se o arcebispo falando que estamos numa "quase epidemia" ou se o pajé falando "não usa camisinha não gente, porque camisinha atrapalha". Foram esses os discursos no microfone da "celebração" oficial do dia internacional de combate a AIDS. Eu quase enfartei. Só a representante dos terreiros fez um discurso sério, acertivo, correto e reinvidicatório. Um alívio.

A segurança de olho, querendo dar o bote. O que eu fiz? Pedi ao povo para não fazer nada até eu voltar. Fui até a imprensa e chamei TODOS OS VEÍCULOS PRESENTES. E eles foram. Cada um a seu tempo, mas foram. E os seguranças tiveram que ver os câmeras filmando a Mara Moreira (vice presidente do Grupo Pela Vidda) vestindo uma camisinha no meu braço, até depois do cotovelo.

Distribuímos as 400 camisinhas, explicando para cada pessoa que recebia porque estávamos fazendo aquilo. As pessoas olhavam pra gente com cara de quem está pensando: 'ah, é mentira, o governo não ia fazer isso em um evento oficial'. Mas fez.

Por fim, criamos coragem e distribuímos camisinhas para os bombeiros e, principalmente, para os militares, armados até os dentes. Renderam boas fotos esse momento.

No final, nos enfileiramos no lugar da saída, em um protesto mudo, cada um com uma camisinha não mão. O Arcebispo e os outros passaram encarando a camisinha. Ele olhou e disse: tchau. E nós em coro: tchau!

É tudo muito triste, mas estou aliviada. Sempre vale a pena.

Mais triste que isso só ver que as pessoas se mobilizam até para passar chapéu pra comprar mais uma cerva, mas não se mobilizam para reinvidicar seus direitos, para protestar contra um ato assassino de censura. Sim, assassino, porque proibir alguém de usar camisinha hoje é o quê?

Bom, é isso, só queria contar pra vocês.

Mostro as fotos quando chegarem pra mim.

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