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30.1.07

Gargalhada

Gargalhada
Minhas gargalhadas são altas e longas
preenchem os espaços
e brinco, debocho, às vezes passo os limites
ultrapasso sinais vermelhos,
espaços,
linhas amarelas

Minhas gargalhadas me acompanham
sempre comigo, mentindo por mim.
Aqui dentro, permanece o silêncio
a melancolia, a escuridão e a solidão.
A Enorme Solidão.

Que me acompanha, dia-noite-dia.

Não me basto. Preciso da companhia entorpecedora
de alguém de mãos quentes.
De um colo, um corpo quente colado ao meu.

Farsante, farsa, falsária.

Gargalhadas, piadas, brincadeiras:
tudo farsa.

Sou a criança que se perdeu da mãe na festa
Sou o estrangeiro que não fala a língua local e se descobre analfabeto
Sou o equívoco
o aborto
a aberração

Mas dou gargalhadas altas e longas
preencho espaços vazios
brindo-debocho, ácida, sarcástica,
invadindo espaços
ultrapassando as linhas amarelas.

E os olhares e ouvidos crus das ruas, bares e bibliotecas acreditam.
Amém ignorância. A farsante aqui agradece aos céus a miopia geral.

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