Gargalhada
Minhas gargalhadas são altas e longas
preenchem os espaços
e brinco, debocho, às vezes passo os limites
ultrapasso sinais vermelhos,
espaços,
linhas amarelas
Minhas gargalhadas me acompanham
sempre comigo, mentindo por mim.
Aqui dentro, permanece o silêncio
a melancolia, a escuridão e a solidão.
A Enorme Solidão.
Que me acompanha, dia-noite-dia.
Não me basto. Preciso da companhia entorpecedora
de alguém de mãos quentes.
De um colo, um corpo quente colado ao meu.
Farsante, farsa, falsária.
Gargalhadas, piadas, brincadeiras:
tudo farsa.
Sou a criança que se perdeu da mãe na festa
Sou o estrangeiro que não fala a língua local e se descobre analfabeto
Sou o equívoco
o aborto
a aberração
Mas dou gargalhadas altas e longas
preencho espaços vazios
brindo-debocho, ácida, sarcástica,
invadindo espaços
ultrapassando as linhas amarelas.
E os olhares e ouvidos crus das ruas, bares e bibliotecas acreditam.
Amém ignorância. A farsante aqui agradece aos céus a miopia geral.
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