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22.1.06

Autofagia

Deviam me amarrar com as minhas tripas
Em um tronco feito com meus ossos
Me alimentar apenas com minhas carnes
Matar minha sede com meu sangue

Assim, e somente assim
Me realimentaria de mim mesma
E voltaria a me reconhecer no espelho

21.1.06

Mandaram avisar

minha cama
meus seios
meus quadris
e minha língua

todos, todos
mandam avisar:

saudades de você!

--------*--------

Que bom que você Veio!

17.1.06

Genocídio

A janela exerce uma atração quase irresistível sobre mim. Penso no vento acariciando o corpo solto, queda livre e libertária, com membros já sem o comando da mente, movendo-se de forma desengonçada até terminar numa queda de baque seco, em que meu sangue se mistura com o da cidade, fazendo com que finalmente eu me torne parte da desgraçada. Inexoravelmente.

O forno e sua boca cheia de dentes, que soltam com intensidade controlada o gás mortal, me chama. E penso com certo deleite no horror dos rostos encontrando a cena patética do corpo morto, em posição ridícula, com a cabeça enfiada no forno como uma galinha de domingo.

Travamos, as giletes no armário do banheiro e eu, um diálogo telepático, em que tentam me convencer do conforto da água morna da banheira, do alívio da pressão provocado pelo sangue saindo de meus pulsos e da beleza plástica da cena: um corpo nu e alvo, numa pequena tina que o contorna, valorizando sua alvura com o vermelho das águas. A essa altura, já frias. A plasticidade da cena quase me demove da decisão.

O mar não me fala nada. A imagem das ondas se jogando violentamente contra a areia e depois arrastando para dentro do oceano tudo o que está no seu caminho, é por si só um convite.

O par de faróis a noite, vindo em minha direção, tem um poder magnético, quase um ímã. Não penso em dor, impacto. Penso em um silêncio profundo e apaziguador.

As pílulas piscam para mim, fazendo promessas de uma despedida em estado tranqüilo de torpor e leves alucinações. Drogas lícitas. Hipnóticos. Durma conosco, elas convidam. Será a melhor foda da sua vida. A mais relaxante, a mais intensa, a que provocará o sono mais profundo e reparador depois do coito lícitopsicotrópico.

Recuso todos os convites. Fico e incomodo com o brilho dos meus olhos, minha gargalhada tonitruante, meu toque quente e minha onipresença úbere de sarcasmo e simpatia.

Suicido os outros com a suavidade de minha presença.

22.06.05

Encefalocardia

Vermes em movimentos orgiásticos
Latejam em meu crânio
Substituindo a taquicardia
Encefalocardia
Ecefalolatente
Lateja, latejam
As têmporas expõem o
Movimento interno

O coração, essa bomba hidráulica
Tolamente romantizada
Necrosou

O céu da minha boca nublou
Meus olhos salgaram
As intempéries me saudaram
E eu apenas calei.

Calei os braços, as pernas e os cotovelos
De lã era o novelo em que me protegi
No meu silêncio.

Ssssssssssssss

S.i.l.ê.n.c.i.o.

22.08.2005

Vísceras

Percepções aguçadas, senso de humor mordaz e ferino.Personalidades singulares.
Ou a confortável conformidade comportamental e conceitual com o senso comum.

E no final somos pele, carne, ossos, sangue e vísceras: estômago, baço, pâncreas, fígado, vesícula biliar, intestino delgado ou grosso.

Não importa o nível social ou cultural, a ausência ou presença de finesse, elegância e savoir-faire. O intestino delgado ou grosso é igual e tem as mesmas funções em mim, nele e em você.

Bexiga urinária. Não importa quantos dígitos foram cobrados pelo seu vestido ou se seu terno é Armani. Você tem uma bexiga e mija. Você pode blindar o seu carro, mas vai continuar usando o troninho.

O cólon sigmóide. O maravilhoso cólon sigmóide! O que seria de nós sem o Intestino grosso?

Entrou tem que sair.

O pó, o álcool, a endorfina.
A raiva, o ódio, a apatia.
O vatapá, o caruru e a gelatina

Você de mim,
Eu daqui.
O cachorro da igreja
O mendigo da sarjeta.

Somos sensuais, sexys, sedutores. Irresistíveis.
Reto, órgãos genitais internos femininos e masculinos: vísceras.
Somos vísceras travestidas de humanidade, de corpos bem torneados e caridade.

Bobagem. Somos apenas um canal: entra e sai. Todos iguais. Assim como os vermes que irão devorar nossos corpos mortos, adubar a terra e recomeçar o ciclo.
Somos iguais. Decadência, putrefação, adubo.

Mas nada disso importa. Neste momento, o meu falo é maior que o seu.

06.07.2005

16.1.06

Planeta Letra! Bom e Gratuito

Tá no Rio? De bobeira? Sem grana?
Rola uma realmente boa hoje, gratuita, que eu repasso à seguir.

"Irmãos Abdalla no Planeta Letra!!!!!!

E o Astrobar do Planetário recebe nessa segunda feira os Irmãos Abdalla (Chacal+Mimi Lessa) para uma performance inesquecível. Também tem as poesias do
Karluxo, o Maurição, O duo poético Dudu Dada, e mais muito mais a nossa banda residente
"DOIDIVANAS"!!!!!! Planeta Letra nessa Segunda às 20 horas no ASTROBAR do Planetário da Gávea. 

PS: A homenagem ao Mauricio Garcia fica adiada em uma semana por motivos de gravação. (Ele vai estar gravando com o Canastra)."

Mãe! O cachorro comeu meus dentes!!!

Não acreditei quando ouvi a frase. Fiquei repetindo mentalmente o mantra, com os olhos fechados e quase em transe: "eu não estou ouvindo isso, eu não estou ouvindo isso, eu não estou ouvindo isso...”.

Minha irmã, que tem 27 anos, arrancou os quatro cisos de uma só vez. Por conseqüência privada do seu juízo, como uma criança de cinco anos trouxe a bizarra lembrança para casa. Jack, o vira-latas hiper-ativo que ela adotou na Suípa, sabe-se lá como conseguiu pegar o vidro, abrir e estava roendo os dentes. Dela. Dentes são ossos? Bom, a essa altura isso não faz a menor diferença.

Minha amada, idolatrada, salve-salve irmã é uma pessoa, digamos... sui generis. Faz pinto desmaiar e autografa bananas. Calma, explico.

Quando éramos crianças, ela por volta dos quatro anos, ganhamos um desses pintinhos de feira, alegria das crianças, desespero das mães. Minha irmã era uma criança linda, de olhinhos verdes e milhares de cachinhos. Mas tão delicada quanto um elefante. Um verdadeiro João Grandão.

Um dia ela olhou para o pintinho, deu um passo estremecedor de gigante na direção do pobre coitado e gritou enquanto batia as palminhas: lindo!

- Piu!

Eu juro. Ju-ro. O pinto caiu durinho no chão, desmaiado. Durante anos minha diversão predileta era receber os namorados novos da minha irmã dizendo:

- Cuidado... você já sabe que ela faz pinto cair?

Eu sei que vocês me entendem. Eu sou irmã e toda irmã é espírito de porco. Ou eu não estaria contando essas histórias.

O auge das bizarrices, o momento Top Ten das paradas da Mais Nova, foi aos doze anos. Ela não podia encontrar um cacho de bananas, principalmente se elas estivessem naquele amarelo lindo, reluzente: autografava todas. Sim, caros leitores. A artista da casa dava autógrafos em bananas.

Bom, hoje ela é formada pela "tríplice A" do MEC, a diabólica IBMEC, fez MBA na Fundação Getúlio Vargas, é contratada da Petrobrás e foi pedida em casamento. Enfim, uma típica moça bem sucedida.

Mas, só por via das dúvidas, minha mãe e eu já fizemos o noivo dela assinar um documento registrado em cartório, com três vias autenticadas e firma reconhecida, afirmando que está ciente de que não aceitamos devoluções.

15.1.06

Bufão

O onanista envelhecido
Trepida no ar sua língua viperina
Espalhando sobre tudo e todos
Seu cuspe nocivo

Caricatura de um Pã
Que nunca foi dionisíaco
Durante os séculos envelheceu
E macerou seu espírito pérfido
Em tonéis podres de carvalho

Sua figura vipérea pode ser vista
Ainda hoje, a qualquer hora da madrugada
Espalhando pelos bares
Seu hálito fraudulento
Mentiroso, burlesco

Regozija-se verbalizando representações
Propositada e milimetricamente grotescas
Do outro, do semelhante,
Do amigo e do inimigo

Bufão tolo
Patético
Figura do descrédito

Ao amanhecer
O bufão-da-corte, que se crê víbora
Penetra com seu corpo roliço a terra
Até desaparecer, assim como uma doninha

31.07.05

Cartuns - Pryscila



O mundo dos cartuns se renova sempre com qualidade. Vão !

13.1.06

Blues da Piedade - Roberto Frejat/Cazuza

Agora eu vou cantar pros miseráveis
Que vagam pelo mundo derrotados
Pra essas sementes mal plantadas
Que já nascem com cara de abortadas

Pras pessoas de alma bem pequena
Remoendo pequenos problemas
Querendo sempre aquilo que não têm

Pra quem vê a luz
Mas não ilumina suas minicertezas
Vive contando dinheiro
E não muda quando é lua cheia

Pra quem não sabe amar
Fica esperando
Alguém que caiba no seu sonho
Como varizes que vão aumentando
Como insetos em volta da lâmpada

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Quero cantar só para as pessoas fracas
Que tão no mundo e perderam a viagem
Quero cantar o blues
Com o pastor e o bumbo na praça

Vamos pedir piedade
Pois há um incêncio sob a chuva rala
Somos iguais em desgraça
Vamos cantar o blues da piedade

Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Pra essa gente careta e covarde
Vamos pedir piedade
Senhor, piedade
Lhes dê grandeza e um pouco de coragem

Estado de Espírito

"...não é que eu vou fazer igual
eu vou fazer pior..."

Livro de Visitas

Galera, O livro de visitas é para ser usado, como essa galera aqui fez e eu respondo, hoje, de público:


Guetoblaster, baby, também adoro champanhe. Mas preciso me
tornar uma moça mais... sóbria. Quanto ao terror, temos matéria-prima
diariamente, não é não? Que tal Você me fotografar?


Oi Lu, o Nas Colchas está o máximo! A-do-ro!


Oi José Aloise, bom que você gostou. Pinta sempre que
agora vou atualizar com mais freqüência, explorando as fissuras do corpo e da
alma.


Fefê!!! Feliz ano novo atrasado moça!


Oi Fábio, teu site está bem interessante.


Ju, eu acho que eles servem para fornecer falo sim, mas
também para cozinhar, lavar e arrumar a casa.


Aten, Idade é uma coisa que botaram na sua cabeça...


Fala Shivakana! Dedo de Moça é para todos, é só pegar.


Oi Bernardo, vamos marcar outro encontro da galera?


Salve Grande Mano
Melo
!!! Lindo é ter você por aqui, uma
delícia...


Fala Sinoti! Estar nos teus Favoritos é uma Honra.


Oi Prof. Que lindo que você escreveu... claro que lembro
do recado no Orkut. E adorei você ter vindo. Volte sempre, ok?

Corporal foi maravilhoso,
José Aloise. Adorei, vou
incorporar.


Ah, Karla, cozinhar e lavar para mim é pré-requisito básico,
por isso que eu nem citei...


Oi Rômulo, tô em falta com você, mas vou arrumar uma
forma de me redimir. Que bom que você gostou.


Mimizeca, aqui tudo tranquilo. Não sei por que os posts
estão aparecendo minúsculos para você. Já experimentou, no seu browser,
fazer o seguinte caminho: Exibir<Tamanho do Texto<Máxima? Quanto ao msn,
não faço idéia, mas parece que tá cheio de bug mesmo. E nossa bibi? Quero
fotos. Movimento Fotos Já!


La Loba em meus territórios? Uau! É querida, você tem
razão, eles querem nos enlouquecer de amor...


Caro Cel. Kurtz. E Aqui, quando é que você vem?


Gabi
bibiela
, que saudades maluquete!


Sachêt, te amo. Gente, vocês têm que ir ao site dessa
mulher!


Chacalito de los ticos, my monster, é claro que é
mulherzinha afinal, eu sou mulherzinha. Mas se em vez de vir de passagem você
olhasse com mais atenção, ia ver que não é tão mulherzinha assim. Aliás,
dou a cara à tapa de que você ia gostar.


Pois é Pato Puto,
o mundo é pequeno como uma ervilha...


Minha pimentinha branca, vamos tomar chopp? É deinha, o
Ota sabe de tudo!


Oi Mani, declamava
Orquídea. Qualquer hora dessas vou
postar por aqui. Aguardem.


Oi Tony, tô precisando de fotos sim, mas elas têm que me
retratar. Quer fazer?


Conta pra mim alemòn, já comeu alguém com esse tipo de
comentário?


Oi Christiana, se tudo der certo, vamos conversar sobre
isso em breve.


Fala Guiga, muita meditação?


Bem vinda Clara. Vou dar uma olhada com atenção no seu
boteco.


Bueno, a partir de hoje as respostas voltam a ser no Livro
de Visitas
mesmo que é mais prático.

11.1.06

Lascívia

Minha feminilidade está no meio de minhas pernas.
Com essa concavidade escura, quente e úmida, domino,
convenço, destruo e construo.
Manipulo.

Manipulo com minhas mãos ágeis o que minha língua
Não consegue guardar ou convencer.
E uso minha boca hábil para impor o silêncio, a concordância e o consentimento.

Consinto que pensem que estou à disposição
Que sou parque de diversão
Transgressão e perversão.

Perversão, lascívia e dor.
Dor prazerosa, consentida e às vezes mentirosa.
Geralmente prazerosa.

O prazer de meus cabelos que são crina que são rédeas
Suas mãos que são esporas
E a falsa dominação.

Minha feminilidade está nas ações entre linhas
Na erotização do dia-a-dia, da dor e das trivialidades.

Lascívia no café da manhã.
Luxúria na lavagem da louça.
Obscenidades na secagem dos pratos.

A mesa da cozinha é o cenário ideal para libidinagens.
Comensais, vamos nos jantar.

Minha feminilidade está em ver que o outro acredita
na volúpia que vislumbra no meu olhar.

Minha feminilidade na verdade é masculina:
Monossilábica, evasiva e apaixonada pelo poder.
Poder físico. Dominação. Controle.

Animal do sexo feminino.
Não se engane com meus cílios longos,
Meus cabelos compridos
E minha voz delicada, quase irritante.

Gosto mesmo é de uma boa foda.
De um rapaz que me coma
de quatro no ato
e me acalme os sentidos.

21/06/2005

8.1.06

Eu, no Poesia Voa


















Eu, em 27.11.2005, recitando no Poesia Voa, no Circo Voador.

Lu, a Sábia que fala por mim

"Adultério e amor não estão relacionados. Há quem ame sem ser fiel e quem seja fiel sem amar. Às vezes um relacionamento é apenas um compromisso estereotipado sem nenhuma profundidade amorosa. A traição dói porque atinge a auto-estima é uma 'ferida narcísica' ".

Nas Colchas

Ah, eu? Sou solteira.

6.1.06

Homem



Homem de mão quente
De pé grande
De voz grossa

Homem que imposta
e aposta

Homem que respeita
Homem que me despe
E me deita

Homem que fala com o falo
Tudo o que quero ouvir
E as bocas são silêncios
gemidos, mordidas, lambidas
Instrumentos de provocação e prazer

Gosto de Homem
Homem que não fala, faz
Homem Falo.