Minha feminilidade está no meio de minhas pernas.
Com essa concavidade escura, quente e úmida, domino,
convenço, destruo e construo.
Manipulo.
Manipulo com minhas mãos ágeis o que minha língua
Não consegue guardar ou convencer.
E uso minha boca hábil para impor o silêncio, a concordância e o consentimento.
Consinto que pensem que estou à disposição
Que sou parque de diversão
Transgressão e perversão.
Perversão, lascívia e dor.
Dor prazerosa, consentida e às vezes mentirosa.
Geralmente prazerosa.
O prazer de meus cabelos que são crina que são rédeas
Suas mãos que são esporas
E a falsa dominação.
Minha feminilidade está nas ações entre linhas
Na erotização do dia-a-dia, da dor e das trivialidades.
Lascívia no café da manhã.
Luxúria na lavagem da louça.
Obscenidades na secagem dos pratos.
A mesa da cozinha é o cenário ideal para libidinagens.
Comensais, vamos nos jantar.
Minha feminilidade está em ver que o outro acredita
na volúpia que vislumbra no meu olhar.
Minha feminilidade na verdade é masculina:
Monossilábica, evasiva e apaixonada pelo poder.
Poder físico. Dominação. Controle.
Animal do sexo feminino.
Não se engane com meus cílios longos,
Meus cabelos compridos
E minha voz delicada, quase irritante.
Gosto mesmo é de uma boa foda.
De um rapaz que me coma
de quatro no ato
e me acalme os sentidos.
21/06/2005
Artigo nu e cru. Bom demais. Forte e sincero.
ResponderExcluirParabéns à autora.
Ricardo.