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13.12.05

Hoje, Natal, Ano Novo

Não aguento mais tanto tapa na cara
tapa na cara
tapa na cara
tapa na cara

Não, isso não é um poema. Isso é angústia.

Natal + Ano Novo. Presentinhos, famílias reunidas em volta de fartas
mesas e muitas fotinhas.

E aonde é que eu fico nisso tudo? Sempre foi horrível. Sempre foi a
pior época do ano para mim, sempre foi um desespero.

Todo os meus natais sempre acabei em algum momento me trancando no
banheiro para chorar. Mas esse ano está insuportável.

Ver a sua casa iluminada doeu. Doeu com D maiúsculo. Ver uma árvore
montada na casa da minha mãe doeu. Ver minha avó se referir a mim como
alguém sem caráter e perigoso, como se eu não estivesse ali e na
frente de uma visita doeu.

Eu sinto sua falta, eu queria ser um pouco mais ignorante.

Aí como é que eu te digo que eu preciso de, sei lá, 15 minutos de colo
quando você diz que eu sou infantil? Ás vezes é só isso que eu quero
mesmo: colo. Ou ouvir a sua voz no telefone. Ou ficar abraçada em
silêncio. Ou trepar violentamente como se o mundo fosse acabar no
instante seguinte. Ou ter uma daquelas conversas deliciosamente tolas
que temos, que acabam com risadas maldosas sobre tudo e sobre todos,
os dois espíritos de porco, eu e você. E eu gosto disso.

E eu acabo ficando com medo de falar as coisas para você por que eu
não quero ser fonte de angústia, não quero que os meus problemas te
afastem de mim (como sempre afastaram todo mundo), pq não quero que
você encare a espontaneidade que eu tenho com você como infantilidade.

Eu sei que essa carta está andando em círculos, cachorro atrás do
próprio rabo, estou me repetindo, mas eu escrevo e escrevo e escrevo e
continua tudo aqui dentro, peito congestionado, tumultuado. Eu sei que
amanhã você está aqui. Mas nesse momento irracional amanhã é tanto
tempo... é tão distante... é como se fossem 28 anos passados, jogados
para frente, para o futuro. E eu me vejo com 5 anos, loirinha e miúda na foto amarelada, colhendo tomate e então penso: coitada, nem imagina as cagadas que vem pela frente.

E não consigo entender aonde foi parar a força quase sobre-humana que
eu sempre tive. De onde está vindo tanta fragilidade. Tanta vontade de
saltar do carro. Parar o jogo, sair fora.

Mas sigo em frente, pisando firme - totalmente no escuro, mas mantendo a pose.

E sinto sua falta. Demais.

Sinto a minha energia sendo sugada quando estou com outras pessoas,
salvo duas ou três exceções. Sinto uma Paz enorme quando estou com
você. As energias voltam. Arrumo a casa, corro atrás das coisas, me
sinto mais segura, menos proscrita.

Como dizer o que você já sabe? Queria cuidar de você. Gosto de cuidar
de você. Sinto falta de cuidar de você. Sinto falta de você.

Mas não estou paralisada não. Sinto sim, tudo que escrevi, mas hoje,
especialmente, está sendo um dia muito, muito estranho, de sensações
extremamente desconcertantes, desagradáveis, indescritíveis.

Olho meu móvel de telefone, que finalmente trouxe da casa da minha mãe
e, de repente, ele tem uma importância enorme, gigantesca. É quase um
ícone. De uma fase da minha vida em que eu sabia. Ou acreditava que
sabia... mas era tão mais confortável...

Sinto sua falta.
Te amo,
Bjs,
Pri

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