Dia 25 de outubro de 2004 embarquei no vôo 1605 da Gol, Salvador-Rio. Dez minutos depois da decolagem uma sensação estranha de que havia algo errado. Não deu tempo de terminar o pensamento: em segundos a aeronave escureceu, as máscaras de oxigênio caíram sobre nossas cabeças, o cheiro de queimado tomou conta do ambiente, a temperatura subiu significativamente e toda a equipe de bordo surgiu do nada gritando para que todos colocassem as máscaras. Tudo ao mesmo tempo.
Foi tão rápido que até entender o que estava acontecendo já tinha levado três berros de uma comissária nos ouvidos. A máscara não se soltava e quando soltou, bem... não funcionava. As outras três ao meu alcance também não. Comecei a pedir ajuda da comissária que estava mais perto - e percebi que não era a única. A maioria das máscaras não estava funcionando, ou não funcionava satisfatoriamente. A comissária foi grosseira e impaciente. E não ajudou.
Ninguém explicava nada, os passageiros em pânico, eu inclusive e, confesso, principalmente. Depois de um típico ataque de pelanca de outra passageira a equipe de bordo que inicialmente explicou tudo como um acidente ("as máscaras não deviam ter caído, é que alguém acidentalmente esbarrou no alarme, e quando o alarme é acionado elas são liberadas) mudou sua versão. Havia uma falha na pressurização da cabine, ou seja, estava acontecendo uma despressurização da cabine. Continuávamos no escuro, a aeronave cada vez mais quente e instável. Os comissários começaram a se contradizer até que sumiram todos.
Foi com o ouvido quase explodindo de dor que ouvi do comandante (é isso mesmo, comandante?) que havia uma falha na pressurização da cabine e voltaríamos imediatamente para salvador.
Em Salvador um funcionário não identificado queria convencer os passageiros de que após uma rápida manutenção poderíamos reembarcar. NO CU, PARDAL! Fui para um hotel e embarquei no dia seguinte num vôo da Varig. Os custos correram por conta da Gol.
Mas ficam aqui as seguintes colocações:
- Manutenção deveria ser regular e preventiva e não corretiva, certo?
- As máscaras de oxigênio deveriam estar TODAS funcionando perfeita e plenamente, não é mesmo?
- A equipe de bordo deveria sim ser firme, mas deveria também, mais do que nunca, ser hábil em acalmar, tranqüilizar pessoas que estavam naquele momento se imaginando churrasquinho no fundo do mar, não é mesmo?
Finalizando: nenhuma satisfação foi dada.
Em palestra recente na CCFB, um publicitário palestrante falou durante sua apresentação que a Gol até hoje não pagou a logomarca criada por eles. E que vários outros fornecedores estão até hoje com suas faturas em aberto. É verdade? Não sei. Mas considerando as desventuras do vôo (vôo?) 1605, dá para pensar no assunto...
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